Revisitando a História

"Aqueles que não conseguem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo" George Santayana

domingo, agosto 20, 2006

César e o Rubicão

A 10 de Janeiro de 49 a.C. Gaius Iulius Caesar atravessa o pequeno rio Rubicão proferindo, segundo a lenda, alea iacta est (os dados estão lançados). As consequências deste acto mergulhariam Roma numa longa e violenta guerra cívil que mudaria para sempre o destino da República e do Mundo. Mas o que levou este homem, um aristocrata romano e um republicano convicto, a iniciar uma guerra cívil contra o Senado de Roma (S.P.Q.R.)? Para responder a esta pergunta teremos que recuar um pouco no tempo.
Corria o ano de 59 a.C. e César acabara de ser eleito Cônsul Sénior da República de Roma pela Assembleia das Centúrias, infelizmente para ele, Marcus Calpurnius Bibulus, seu inimigo político e membro da facção conservadora (Optimates) foi eleito para ser seu colega como Cônsul Junior e aproveitou a oportunidade para complicar a vida política do seu rival. Felizmente para César a Fortuna sorriu-lhe e depressa encontrou dois grandes aliados que o iriam ajudar no futuro, Gnaeus Pompeius Magnus (Pompeu o Grande) e Marcus Licinius Crassus. O primeiro estava em guerra aberta com o Senado pois exigia terras de cultivo para os seus veteranos, o segundo, o homem mais rico de Roma, encontrava-se em dificuldades para obter um comando militar contra os Partos. César não perdeu a oportunidade e, uma vez que precisava de dinheiro e de influência, formou com eles uma aliança que viria a ser conhecida como o primeiro triunvirato. Para cimentar a sua união com Pompeu, César oferece-lhe a sua única filha, Júlia.
Findado o seu ano como Cônsul, César iniciou um plano audaz, recebeu poderes proconsulares para governar as províncias da Gália Transalpina e Illyricum, mas o seu plano não seria governar pacificamente estas províncias, ao invés seria lançar Roma na sua primeira guerra ofensiva, a conquista de toda a Gália. Durante aproximadamente 10 anos, de 58 a.C. - 49 a.C., César dirige brilhantemente as suas legiões na campanha que seria conhecida como as Guerras Gálicas, campanha essa que seria inteiramente publicada nas suas crónicas intituladas de Comentários (De Bello Gallico). Em 58 a.C. derrota os helvéticos, em 57 a.C. é a vez da confederação belga e dos nérvios, os venécios em 56 a.C. e, finalmente, em 52 a.C. vence a confederação gálica liderada por Vercingétorix na batalha de Alésia. Segundo Plutarco, a campanha resultou em 800 cidades capituladas, 300 tribos submetidas, um milhão de gauleses reduzidos à escravatura e outros 3 milhões mortos no campo de batalha.
Apesar dos sucessos e benefícios que a conquista da Gália trouxe a Roma, César continuava impopular entre os seus pares, especialmente junto da ala conservadora. Em 54 a.C. Júlia morre em trabalho de parto, deixando um pai e um marido desgostosos. Em 53 a.C. Crassus é morto na campanha contra os Partos. César tenta em vão manter uma aliança com Pompeu propondo um casamento com uma das suas sobrinhas, mas este prefere casar-se com a filha de Metellus Scipio, inimigo mortal de César, Cornélia Metella e junta-se à ala conservadora.
Em 50 a.C. o Senado liderado por Pompeu, ordena o regresso de César e a desmobilização das suas legiões, proibindo-o ao mesmo tempo de se candidatar pela segunda vez ao cargo de Cônsul in absentia. César sabia que sem a imunidade do seu imperium de procônsul e sem as suas legiões seria sem sombra de dúvida julgado e condenado pelos seus inimigos. Assim, entre a espada e a parede, tomou uma decisão que iria mudar o curso da história, a 10 de Janeiro de 49 a.C. atravessa o Rubicão levando consigo apenas uma legião, a X, e lança Roma numa guerra cívil.

Como podem ver, César foi obrigado a tomar uma decisão difícil, uma decisão que iria acabar com a República. O que teriam vocês feito no seu lugar? Teriam feito o que ele fez, sabendo que poderiam perder a guerra e lançar a vossa família na desgraça, ou render-se e deixar que os tribunais vos julgassem? O que teria acontecido a Roma se César não tivesse atravessado o Rubicão? Infelizmente esta ~e muitas outras perguntas ficarão para sempre sem resposta, mas podemos sempre imaginar ;)

3 Comments:

At 24 agosto, 2006 16:57, Anonymous Anónimo said...

O que é passado é prólogo.
Inscrição no Washington Museum

Parabéns pela iniciativa!
***

 
At 27 agosto, 2006 21:30, Blogger Cavaleiro said...

Obrigado :)

 
At 29 agosto, 2006 23:38, Anonymous Anónimo said...

A iniciativa do blogue é excelente. Sugiro, no entanto, que os próximos textos, sem desprezarem a essência dos factos, sejam menos compactos e permitam um acesso mais fácil ao seu conteúdo.
T.

 

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