Revisitando a História

"Aqueles que não conseguem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo" George Santayana

segunda-feira, setembro 04, 2006

Cleópatra - O Último Faraó


Estamos a 12 de Agosto de 30 a.C., e na esplendorosa cidade portuária de Alexandria uma mulher desesperada acaba de cometer suicídio. A sua morte foi tão espectacular e fantástica como a sua vida, seus sonhos e desejos nunca foram concretizados, mas o seu nome perdurou até aos nossos dias e a sua vida tornou-se uma lenda. Cleópatra VII do Egipto, a mulher que ousou desafiar a maior potência militar e política da sua época e que tentou a todo o custo preservar a liberdade do seu país e intactos os seus costumes ancestrais.
Mas o que levou esta mulher tão influente a acabar com a sua própria vida? Porque razão se tornou ela numa das mais poderosas e famosas mulheres da História? Para responder a estas e outras questões teremos que recuar no tempo e conhecer melhor a vida desta cativante mulher.

Cleopatra Thea Philopator nasceu em Janeiro de 69 a.C., filha do faraó Ptolomeu XII e descendente da linhagem ptolomaica que governou o Egipto depois da conquista de Alexandre Magno. Desde muito cedo que manifestou uma grande inteligência e uma aptidão natural para a política e para a administração, razão pela qual iria governar como co-regente ao lado do pai até à morte deste. Em 51 a.C. sobe ao trono ao lado do seu irmão mais novo, Ptolomeu XIII (de apenas 10 anos), com o qual viria a casar. Instigado pelas intrigas provocadas pelos seus dois tutores, Potino e Aquilas, que não aprovavam a regência de Cleópatra e que desejavam governar eles mesmos o Egipto, o jovem rei vira-se contra a sua mulher e força-a a exilar-se na Síria em 48 a.C..
Por acaso fortuito, em Setembro desse ano, chega a Alexandria Pompeu o Grande, que tendo perdido a batalha de Farsalo, procura asilo no Egipto. Ptolomeu XIII, influenciado pelos seus dois tutores, ordena a morte deste na esperança de cair nas boas graças do novo senhor de Roma e do Mundo, Júlio César. Este chega ao Egipto no Inverno de 48 a.C. - 47 a.C. perseguindo o seu rival e fica destroçado ao saber o triste destino do seu genro. Talvez por isso tenha decidido intrometer-se na política egípcia e convoca uma reunião com Ptolomeu, mas na noite anterior ao seu encontro dá-se um acontecimento lendário. Segundo Plutarco, Cleópatra envia um presente a César, um belo tapete, que ao ser desenrolado revelou a própria rainha. Segundo a lenda, Cleópatra terá ficado encantada com o charme de César e com as suas fascinantes histórias amorosas. Tomando o seu partido e tornando-se seu amante, o general romano declara guerra a Ptolomeu XIII, que acaba por morrer afogado. César repõe Cleópatra no trono e escolhe para seu marido o seu outro irmão, Ptolomeu XIV. O Egipto mantém-se assim independente mas sob a protecção de Roma.

Durante a estadia de César no Egipto nasce o 1º filho de Cleópatra, Ptolomeu XV Caesar mais conhecido por Caesarion, mas este recusou-se a reconhecê-lo como seu herdeiro, nomeando o seu sobrinho Octávio. Entre 46 a.C. - 44 a.C., Cleópatra muda-se para Roma para estar mais perto do seu amante, o seu caso com César é conhecido por toda a sociedade tornando-a numa mulher de reputação dúbia e vítima de boatos e calúnias. Após a morte do seu amante, a rainha é obrigada a abandonar Roma pela calada da noite, pois teme pela sua segurança, e regressa ao Egipto onde Ptolomeu XIV tinha morrido em circunstâncias misteriosas. Caesarion passa por isso a ser o seu co-regente.

Em 42 a.C. é convocada à presença de Marco António, o novo homem forte de Roma, para prestar contas da sua lealdade. Cleópatra chega a Tarso em grande pompa e circunstância causando um profundo espanto e encanto a este homem de origens humildes. Segundo a lenda, a rainha desfaz a sua melhor pérola num copo de vinho para demonstrar seu o poder e riqueza. Uma vez mais um dos homens mais poderosos do mundo sucumbe aos seus encantos e durante o Inverno de 42 a.C. - 41 a.C. que passaram juntos em Alexandria, engravida pela 2ª vez, desta vez de gémeos, Cleópatra Selene e Alexandre Hélios.
Após 4 anos de ausência, em 37 a.C., António, que se encontrava numa expedição contra os Partos, regressa a Alexandria. Segundo a lenda, casou-se com ela seguindo os antigos rituais egípcios e daqui nasce um outro filho, Ptolomeu Filadelfo. Em 34 a.C., após a conquista da Arménia, António coroou Cleópatra e seus filhos, como reis de grande parte das províncias romanas do Oriente e deu à sua mulher o título de Rainha dos Reis. Estas notícias caíram que nem uma bomba sobre Roma, já não bastava António ter trocado a sua mulher Octávia, irmã de Octávio, por uma mulher de reputação dúbia, mas agora tratava-a como uma grande rainha e quase como uma deusa. O Senado decretou imediatamente, tanto António como Cleópatra como inimigos públicos e declarou-lhes guerra a 31 a.C..
A 2 de Setembro de 31 a.C. dá-se a Batalha Naval de Actium, em que a frota romana comandada por Marcus Vipsanius Agrippa destrói por completo a frota egípcia. A batalha fica marcada pela fuga de Cleópatra, que julgando o seu marido morto decide regressar ao Egipto, António vendo-a partir abandona os seus homens à sua sorte e segue-a.
Um ano depois Octávio invade o Egipto e Cleópatra desesperada decide por termo à sua vida, pois sabe que se não o fizer irá ser arrastada pelas ruas de Roma como um troféu, exibida como um animal e finalmente condenada à morte para gáudio de todos os romanos. Segundo a lenda deixou-se picar no seio por uma víbora.

Com a morte do último faraó, o Egipto perde a sua independência e torna-se finalmente numa província romana. É incrível, esta mulher que segundo todos os dados históricos não era bonita, conseguiu cativar os 2 homens mais poderosos do mundo e governar o seu país com sabedoria e segurança, numa época em que a mulher nada mais era do que uma escrava do seu marido. Mas será que ela os amou de facto? Será que tudo não passou de uma estratégia política para manter a independência do Egipto? Se não se tivesse suicidado, teria conseguido cativar também Octávio?
Nunca o poderemos saber, mas esta mulher que tanto fez pelo bem estar do seu país, merece de facto o seu lugar na História e vem demonstrar que "a beleza está nos olhos de quem a vê".

7 Comments:

At 06 setembro, 2006 23:16, Anonymous Anónimo said...

A transmissão do trono na dinastia ptolomaica acontecia por via matrilinear, o que explicará os casamentos de Cleópatra com os seus irmãos - esta seria a única forma de eles acederem ao poder.
Se Cleópatra amou ou não, será provavelmente uma dúvida que continuará a subsistir. Agora que, seguramente, tinha capacidade para seduzir é inquestionável. Inquestionável será também a sua inteligência, ambição e determinação.
T.

 
At 17 setembro, 2006 23:30, Blogger Nin said...

Inteligência e capacidade para seduzir vão sempre juntas :)

 
At 26 setembro, 2006 02:45, Anonymous Anónimo said...

É sem dúvida um dos belos, poderosos e intrigantes episódios da História. Cleópatra terá sido uma excelente governante, cujo amor maior pela pátria e pelo seu reino, determinava os labirintos das suas relações.
Depois de uma vida de tanto poder, jogo político, inteligência evidenciada, a sua morte às mãos dos romanos seria uma injúria perante tanta grandiosidade de feitos. Mais uma vez, provou que foi a sua vontade que prevaleceu mesmo no momento de se decidir a sua morte.

 
At 17 novembro, 2006 22:32, Blogger gone said...

Adorei este blog, vai já ser linado no meu!****

 
At 17 novembro, 2006 22:32, Blogger gone said...

Linkado quis dizer*

 
At 06 março, 2007 21:41, Blogger Marlene Maravilha said...

É sempre bom relembrar a história!
E ainda assim, contada romanceada.
Muito bom texto! Blog interessante!
abraços

 
At 14 outubro, 2010 09:03, Anonymous Anónimo said...

Ela era bonita sim.

 

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