Revisitando a História

"Aqueles que não conseguem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo" George Santayana

segunda-feira, novembro 20, 2006

Joana d'Arc, La Pucelle d'Orléans




A 30 de Maio de 1431, na cidade de Ruão, uma jovem de 19 anos é queimada viva por crimes de heresia. O povo chora o triste destino desta mulher que deu esperança a uma França descrente e abatida pela guerra, mas embora o seu corpo tenha sido consumido nesse dia por labaredas esfomeadas e por invejas e ódios sem limites, o seu nome nunca foi esquecido, Joana d'Arc, la pucelle d'Orléans. Quem foi esta rapariga que num mundo de homens ousou deixar a sua marca na história, o que fez ela para ainda hoje ser venerada e reverenciada como um espírito indomável e um modelo de toda uma nação? Para tentar responder a estas questões teremos que recuar no tempo e conhecer a vida desta jovem tão marcante.

Estamos a 6 de Janeiro de 1412, em plena Guerra dos Cem Anos (1337-1453 d.C.), França é um país sem rei nem roque, os ingleses e os seus aliados controlam quase todo o país, as fomes e as epidemias devastam a população e os nobres franceses que deveriam estar unidos debaixo de uma só bandeira mergulham o que resta da França numa sangrenta guerra cívil. É neste ambiente de terror que, na pequena aldeia de Domrémy, nasce Joana d'Arc, filha de lavradores abastados. A sua mãe, Isabel Romeira - assim chamada por ter feito uma peregrinação a Roma - é uma mulher muito piedosa e ensina à sua filha as principais orações da Igreja, embora Joana se mantenha analfabeta.
Domrémy teve uma influência enorme na infância de Joana, esta pequena aldeia, situada na fronteira fronteira franco-germânica, exprimia um sentimento nacionalista muito forte e implantou muitos desses ideais na mente da jovem.

Aos treze anos, num dia de jejum e oração, Joana ouve pela primeira vez, no jardim do seu pai, as vozes do arcanjo de S. Miguel, de Santa Margarida e de Santa Catarina, estas ordenam-lhe que abandone a sua aldeia para expulsar os ingleses do reino. Segundo a lenda Joana assusta-se e durante três longos anos guarda religiosamente o seu segredo, mas as vozes vão-se tornando cada vez mais insistentes ordenando-lhe que parta para Vaucoulers e trave contacto com o seu capitão, Robert de Baudricourt, segundo as vozes este dar-lhe-ia homens de armas para a conduzirem ao delfim. Ela assim o faz, mas o capitão recusa-se a recebê-la, um ano depois as vozes voltam a atormentá-la e uma Joana decidida consegue finalmente uma audiência e recebe uma escolta.
A 25 de Fevereiro de 1429 encontra-se finalmente com o rei em Chinon, este desesperado por já não ter dinheiro para pagar aos seus soldados e sem saber que decisão tomar, fica feliz por a ver. Segundo a lenda, Joana que nunca vira o delfim dirige-se a ele imediatamente e saúda-o com grande respeito.

Em Maio de 1429, Joana, com um aspecto mais marcial, toma o controlo do exército francês e decide libertar a cidade de Orleães. Usando a astúcia consegue ludibriar os ingleses e penetrar na cidade, a sua entrada reconforta a população desanimada e reacende a chama da coragem no coração dos franceses. Durante oito dias de duras batalhas Orleães é finalmente tomada e o exército inglês é posto em fuga, esta é a primeira viragem da guerra e França parece acordar e sonhar finalmente com a liberdade.
Após esta vitória Joana quer abrir caminho até Reims, a cidade onde segundo a tradição são sagrados os reis. A tarefa parece quase impossível pois toda a região pertence a Borgonha, aliados dos ingleses, e seria preferivel tomar a Normandia, mas Joana recusa-se a dar ouvidos aos seus capitães e marcha para a cidade. Os soldados acorrem em seu auxílio e seguem-na sem contestação, o vale do Loire é então "limpo" em tempo recorde. Mas nem tudo são rosas, pois a cidade de Troyes, aliada dos inimigos, recusa-se a deixá-los passar, Joana irada ordena a preparação de um assalto. A cidade assustada rende-se imediatamente e com ela todas as outras até Reims.
O delfim Carlos é finalmente sagrado rei a 17 de Julho de 1429 e torna-se Carlos VII, a França tem um rei uma vez mais.

O rei tenta imediatamente fazer as pazes com Borgonha enquanto ataca os ingleses no Norte. Joana continua a comandar o exército francês, mas sem sucesso, saboreando várias derrotas entre elas o cerco a Paris onde é ferida na perna. Com o exército desmantelado e vendo-se obrigada a recuar para o sul do Loire, Joana separa-se dos seus amigos, duque de Alençon, Dunois, La Hire e toma o comando de uma pequena companhia.
No final do Inverno, o duque de Borgonha decide acabar com as tréguas que assinou com o rei de França e lança uma ofensiva para retomar as regiões de Champagne e de Brie que se haviam aliado a Carlos VII. O cerco é montado então a Compiègne e Joana, cuja fama e prestígio tinham vindo a aumentar, decide auxiliar os sitiados levando com ela 150 soldados. Não se sabe se obteve autorização real para fazer tal coisa, pois na corte Joana começava a ser temida pela forte influência que tinha sobre o povo. A 23 de Maio de 1430 os soldados burguinhões montam uma emboscada e capturam a donzela de Orleães.
Joana sempre disse, "Prefiro morrer a cair nas mãos dos Ingleses.", mas por ironia do Destino foi o que lhe aconteceu. Assim que foi apanhada os Ingleses tentam resgatá-la oferecendo um resgate enorme pela sua cabeça, Joana é-lhes então entregue e levada para Ruão onde espera julgamento.
Um tribunal da Iquisição é encarregado de a julgar, o rei parece tê-la abandonado e a donzela encontra-se só enfrentando um conjunto de juízes escolhidos a dedo convencidos da sua heresia. A 30 de Maio de 1431, após um longo e penoso julgamento, Joana d'Arc é levada para praça da cidade e queimada viva...

Assim, aos 19 anos, Joana d'Arc, la pucelle d'Orléans, sofre uma morte horrorosa nas mãos dos seus inimigos. A guerra haveria de continuar terminando 22 anos depois com a vitória estrondosa da França. Para mim Joana d'Arc foi uma rapariga marcante que conseguiu deixar o seu nome e a sua lenda num mundo de homens, é incrível como uma rapariga tão nova, guiada por vozes ou não, deu esperança àqueles que já a tinham perdido, sem ela, muito provavelmente a Guerra dos Cem Anos teria tido um desenlace muito diferente. Joana d'Arc é nos dias de hoje um símbolo francês, uma representação do espírito da liberdade e da esperança de toda uma nação e a prova viva que por mais humildes que sejam as nossas origens podemos sempre mudar o Mundo!!!

7 Comments:

At 21 novembro, 2006 23:53, Blogger Cavaleiro said...

Sim, talvez seja por isso q tanto adoro esta personagem. Um sonho pode de facto mover montanhas e criar lendas inesquecíveis. :)

Bj bem ternurento

 
At 23 novembro, 2006 12:33, Blogger Unknown said...

Adoro esta personagem! E quando pensamos que já sabemos tudo, descobrimos alguma coisa nova!
Adorei descobrir o teu blog!
Beijinhos!

 
At 02 dezembro, 2006 20:06, Blogger david santos said...

Bons textos, Cavaleiro, bons textos. Adorei. Parabéns.

blog "SÓ VERDADES"

Até sempre.

 
At 05 dezembro, 2006 18:53, Blogger Cavaleiro said...

Obrigado a ambos pelo vosso comentário, quero ver se começo a actualizar este blog uma vez por semana.

Um bj e um abraço :)

 
At 05 fevereiro, 2007 17:32, Blogger * White Roses Princess* - Renata Silva said...

A Joana D'Arc é um dos meus grandes ídolos de sempre da história do mundo...ela marcou de facto a história e merece ser venerada..nunca m canso de ver o filme dela...a luta e o sacrificio dela valeram apena... ( acho que é das poucas coisas a ver com a França q eu gxto************


*White Roses Princess*

 
At 06 março, 2007 21:34, Blogger Marlene Maravilha said...

Parabéns! História também é cultura!
Gostei muito.
abraços brasileiros

 
At 25 julho, 2008 22:13, Anonymous Anónimo said...

Joana d'Arc, a história de uma jovenzita mulher, de um país, do mundo... um símbolo ao longo dos tempos. Gostei de recordar o simbolismo que Joana d'Arc nos deixo e aqui através do Cav,

 

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